7.21.2010

22:01

Eu praticamente não usava mais aquilo a não ser para receber alguns emails de certa pessoa, mas retornei a entrar. Era uma tarde de semana. Não, errei, era uma tarde enoitecida. Ainda fico confuso em lembrar-me como tudo começou. Acho foi sem querer ou apenas uma falta do que fazer que me fez tomar aquela atitude. Não foi só você que encontrei, tinha mais, mas só a você fui falar.

Eu não queria, não tinha visto nada m você. Já tinha lhe visto outrora, mas nada me chamou atenção em você e então deixei você passar várias vezes. Nesse dia tudo foi diferente, conversei e conversei com você como nunca tinha conversado para conhecer uma pessoa. Você mudava a cada coisa que falava, eu sentia que estive errado por diversas vezes até que aquele sentimento de culpa me fez querer manter o contato com você...

Naquela época. Impressionante como eu posso dizer naquela época, não faz nem um ano, na verdade não está perto de seis meses, mas o que falamos já vale por dois anos. Como eu era diferente, eu já estava sem rumo. Na verdade eu tinha um rumo, mas gelado. Tinha decidido apenas viver e esperar o dia que muitos temes e que eu apenas chamava do dia que minha amiga – a morte – me visitaria.

Lembro-me bem do nosso primeiro dia de conversa depois de todos aqueles olá e prazeres. Prazeres que o meu verdadeiro gozo ainda não conseguiu saciar. Era conturbado, eu tinha medo, mesmo não sabendo do que. Sabia, na verdade, mas fingia não saber para muitos e para dois desaguava todos esses sobre os ombros deles e mesmo assim nunca perguntei se eles gostavam ou queriam saber mesmo disso. Falava de um para o outro, falei tanto que desconfio que mesmo vocês não se conhecendo pessoalmente já se conhecem e muito bem. Acho que não sirvo para guardar segredos, mas como ator, os últimos oitos anos tenho sido ótimo, não perfeito, apenas ótimo.

Medos, inseguranças, raiva, desespero, rancor, solidão vivia amando essas emoções que tanto nos destrói, mas era isso que eu queria, destruir-me, acabar-me de uma só vez e para sempre. Essa vida já não me agradava, nada me agradava. Mas calado vivia, fingia, morria dia-a-dia. Quanto mais perto ficava, mas a minha mente suplicava por está longe de pessoas. Não as agüentavam, salvo um ou duas. Aqueles eu realmente queria levar para o... Não sei para onde levá-los, mas eles tinham um espaço em mim. Talvez a sete palmos do chão onde sonhava viver ou naquele céu iludido e cristão que tantos cobiçavam viver e eu apenas desejava destruir.

Noites frias, sem estrelas e lua acompanhavam-me. Aquelas eram eternas, mas o tempo já não contava o certo. Minutos eram dias, dias de minha tão sonhada morte. O frio fazia-me bater o queijo em uma freqüência tão grande que meus lábios já sagravam. Minha boca há tempos não tinha visto saliva, apenas sangue e meu rosto a única água me via era aquelas lágrimas geladas oriundas de meu coração. Deitava-me em leito mortífero e via aquela estrela que sempre as 19:47 sobrevoava edificações, mas nunca descobri o nome dela. O som do meu quarto tocava e tocava, mas também apagava a estrela que eu via. Agora já perdida outra ocupava o seu lugar e o sono chegava, mas nunca era concreto.

Insônias, náuseas, embriaguez, delírios e sonhos. Fazia planos, planos de uma segunda vida que só existia ali. Conflitos, barulhos, fumaça e fogo, mas sempre tinha você ao meu lado. Viver em casa de praia, filhos, livros a escrever ou a ler. Você, um ser imaginário que tanto sonhava em ter, que tanto pedia aos deuses, demônios, bruxos, bruxas, orixás... Uma amizade, um amor, algo para sempre. Mas era apenas sonho, pois pessoa tão perfeita não poderia existir.

Até chega você, bagunça o meu dia, muda a minha rotina, substitui tantas magoas por amor. Você foi me cativando a cada dia até que não tive mais saída, viciei em você. Tiraste o meu dia e minha noite. Aquela dor que eu tanto sentia e você no começo aparentava sentir também. Foi aí que notei que era praticamente impossível você existir, isso teria que ser um grande sonho. Mas não era. É presente que fiz no passado e quero um futuro até o final da vida humana. Como você parece comigo, até pesamos juntos e comentemos os mesmos erros.

Fofoquei de você. Todos sabem de você, talvez não todos, mas muitos. Escondo-te e mostro-te. Sei que é confuso, é a verdade. Pessoa como você é justificável proteger de olhares, olhares oriundos de mentes conturbadas. Eles não entendem ainda e nem eu consigo entender completamente todo esse amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário